A Azul Linhas Aéreas anunciou um acordo para repactuar 92% de suas dívidas. O montante de R$ 3 bilhões será convertido em até 100 milhões de ações preferenciais da companhia. A medida foi firmada com arrendadores e fabricantes de equipamentos, responsáveis por boa parte das dívidas da empresa. A repactuação permitirá à Azul evitar um processo formal de recuperação judicial ou o pedido de proteção sob o “Chapter 11” nos Estados Unidos.
Segundo Fernando Canutto, especialista em Direito Empresarial e sócio do Godke Advogados, o acordo se assemelha a uma recuperação extrajudicial. “Tecnicamente, não foi formalizada como recuperação extrajudicial, mas o acordo com os credores segue os mesmos princípios”, explicou. A recuperação extrajudicial permite que empresas renegociem dívidas diretamente com seus credores, evitando processos judiciais mais formais.
A reestruturação da dívida da compania aérea pode ter impactos em outras, como a GOL, que mantém um acordo de codeshare com a Azul. Esse acordo de compartilhamento de voos pode ser afetado caso a Azul precise ajustar rotas ou operações como parte de sua reestruturação financeira. “Se a Azul precisar reduzir ou ajustar rotas, os voos compartilhados com a GOL podem sofrer alterações”, afirmou Canutto. No entanto, o especialista destacou que o sucesso da renegociação tende a estabilizar a operação da Azul, diminuindo esse risco.
Caso a reestruturação seja bem-sucedida, a empresa pode sair fortalecida no mercado doméstico. Canutto acredita que isso poderia aumentar a competitividade com a GOL. “Uma Azul financeiramente estável poderia competir diretamente com a GOL, dependendo do futuro da parceria ou de uma possível fusão”, comentou.
O acordo da Azul reflete uma tentativa de reequilibrar sua saúde financeira sem recorrer aos trâmites judiciais. Essa decisão foi essencial para a manutenção de suas operações e para a preservação de acordos estratégicos com outras empresas do setor.
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