A Air Canada anunciou nesta quinta-feira (14) que vai cancelar centenas de voos antes da greve prevista de seus comissários de bordo. A paralisação foi marcada para sábado (16) e motivou a redução antecipada da malha aérea. Até o final de sexta-feira (15), a companhia espera ter cancelado cerca de 500 voos, atingindo aproximadamente 100 mil passageiros.
Segundo Mark Nasr, diretor de operações da empresa, a complexidade da rede da Air Canada exige um planejamento prévio. A companhia opera mais de 250 aeronaves em rotas para mais de 65 países. “Não é o tipo de sistema que podemos iniciar ou parar ao apertar um botão”, afirmou. “Para um encerramento seguro e ordenado, precisamos começar agora.”
Impacto no turismo e pressão sobre o governo canadense
A greve ameaça o setor de turismo do Canadá no auge da alta temporada. O caso se tornou também um desafio político para o governo liberal do primeiro-ministro Mark Carney. A Air Canada pediu que o governo intervenha e imponha uma arbitragem obrigatória, o que poderia evitar a paralisação.
A empresa e sua subsidiária de baixo custo, a Air Canada Rouge, transportam cerca de 130 mil passageiros por dia. A Air Canada é também a companhia estrangeira com maior número de voos para os Estados Unidos. A parceira de código compartilhado United Airlines já emitiu uma isenção de viagem para ajudar clientes a reorganizar seus planos.
Duração prevista para retomada das operações
O processo de retomada das operações pode levar até uma semana, segundo Nasr. Até a manhã desta quinta-feira, dados da FlightAware indicavam apenas quatro cancelamentos confirmados, mas o número deve aumentar rapidamente até sexta-feira.
Pela manhã, a ministra do Trabalho do Canadá, Patty Hajdu, pediu que empresa e sindicato voltem à mesa de negociações. O objetivo é chegar a um acordo que evite as interrupções no transporte aéreo.
Pontos de impasse nas negociações salariais
O Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), que representa 10 mil comissários de bordo da companhia, afirmou que os negociadores da Air Canada não têm participado ativamente das discussões e não responderam à proposta enviada no início da semana. “Acreditamos que a empresa quer que o governo federal intervenha e os salve”, declarou um porta-voz do sindicato.
A disputa envolve principalmente o formato de remuneração dos comissários. Tradicionalmente, as companhias aéreas pagam por horas de voo, ou seja, apenas quando a aeronave está em movimento. No entanto, o sindicato busca que também sejam remuneradas as horas de trabalho em terra, como no embarque de passageiros e no tempo de espera entre voos.
A Air Canada afirmou que aceitaria iniciar o pagamento por parte desse trabalho em solo, mas apenas com 50% da taxa horária.
Proposta salarial e protestos durante coletiva
Arielle Meloul-Wechsler, diretora de recursos humanos da Air Canada, disse que a empresa “nunca deixou a mesa de negociação” e que está disponível para conversar “desde que a negociação tenha substância”.
A companhia informou ter proposto um aumento total de 38% na remuneração ao longo de quatro anos, incluindo um reajuste de 25% no primeiro ano.
Uma coletiva de imprensa com executivos da Air Canada terminou abruptamente após protestos de membros do sindicato, que exibiam cartazes em defesa da categoria.